sexta-feira, 6 de setembro de 2013

"Webnovela- Caminhos"



Capítulo 2- 


Acordei, me aprontei e desci as escadas.


-Bom dia! Oi vovô. –Dei um beijo no meu avô.


-Quem é você e o que fez com a minha neta Alexandra? –Meu avô zombou.


-Para vô. –Peguei uma das panquecas da vovó e me servi, com bastante mel.


-Querida eu quero mesmo falar com você. Seu pai me disse que você quer um carro. Ele disse que vai te dar a metade do dinheiro. Eu estava pensando em te dar o restante, mas mudei de idéia... –Ele enfiou a mão no bolso. Tirou um chaveiro e me entregou. –São as chaves do seu apartamento, perto da faculdade.


-Nossa, mas como? Vovô isso é... –Eu fiquei sem palavras.


-Não seja boba. Sua mãe o escolheu para você. Eu só fiz dar o dinheiro.


-Há vô. –Eu me levantei e deu um super abraço nele.


-Você vai adorar querida, o apartamento é lindo e tem bastante espaço. –Minha mãe disse.


-Nossa eu nem sei como agradecer. Era tudo que mais queria. Muito obrigado. –Eu estava eufórica.


Tomamos o café todos juntos, depois subi e liguei pra Mike.


-Ei cara, advinha?


-O que? Não me dirá que você vai morar ai? –Mike perguntou.


-Não, para de ser um amigo ciumento. Mas meu avô me deu um apartamento perto da faculdade! Não é demais?


-Nossa que legal. Quem me dera ter meu próprio apartamento. Quando você voltar vai ter que me levar lá. Ei preciso desligar, não te falei, mas eu e Melissa estamos saindo.


-Nossa seu cachorro. Como ousa sair com ela e nem me pedir permissão?


-Há você está em outro país, queria que eu te pedisse? Aquela gata me dando mole e eu ia dispensar?!


-Seu galinha. –Nos rimos. –Ok, fique com ela e me esqueça. Agora falando sério. Eu acho legal que vocês estão saindo. Espero que dê certo cara.


-Eu também. Vou desligar, desculpa Lexi quero mesmo falar com você, mas eu tenho que ir pegar ela. Me liga mas tarde ta?! Há deixa que eu te ligo! Um beijo. –Mike se despediu e desligou. 


Deitada na cama olhando pro teto ri do Mike. Ele estava tão eufórico pelo encontro. Conhecemos-nos desde sempre, fomos visinhos desde que eu me Lembro. Ele era um cara bacana, um amigão. Ele iria pra faculdade de Medicina perto de casa, na Califórnia. O Pai de Mike morreu no Iraque e a mãe dele não admitia ficar longe dele. Acho que isso era só medo de perdê-lo também. Meus pensamentos foram interrompidos. O telefone tocou. 


-Alô? –Eu não conhecia o número.


-Ei, como ousa me deixar no clube? –Uma Jess risonha estava do outro lado da linha.


-Jess! –Respondi entre risos.


-Não me venha com essa de Jess! Onde você foi hem mocinha?


-Há, eu saí. Bem é que eu quase Levi um baita tombo e... –Fiquei sem graça de dizer que tinha saído com Johnny.


-Saiu com quem?


-Com Johnny. –Disse sem jeito.


-Ham? Você saiu com o Johnny? Como assim? Como eu não vi isso? –Jess perguntou extasiada. 


-Ué, você estava em uma discussão ferrada com aquele cara, daí eu ia patinando e já ia dar de cara na grande da pista de patinação, podia até quebrar o nariz, e uma mão me agarrou. Por pouco eu não levei um tombo que ia me render um nariz quebrado... –Jess me interrompeu.


-Corta esse papo furado e diz onde o Johnny entra nisso.


-Calma, eu ia chegar lá. Acontece que a mão era do Johnny, ele me segurou. Daí conversamos e como vimos que você ia ficar um bom tempo com o tal do Mark, o Johnny me chamou pra dar o fora, eu fui. Você estava muito ocupada em quebrar o pau com aquele cara.


-Também não é bem assim. O Mark é um babaca, mas eu nem demorei muito. Podia ter me ligado né. Achei que estivesse chateada comigo ou sei lá. –Jess disse tentando se desculpar. –Mas vocês foi aonde com o meu irmão? Achei que vocês se odiavam desde crianças.


-Não nos odiamos, apenas queremos incendiar um ao outro. –Nós duas rimos no telefone. –Mas foi bem legal. Fomos a Roda Gigante, conversamos, foi legal.


-Hum... Está usando muito a palavra legal. Suspeito. –Jess disse.


-Para de graça. Foi só isso, já disse.


-Ok, se você diz, mas vocês vem almoçar aqui hoje né? 


-Sim. Vamos todos. Nos vemos na sua casa ta?


-Ok, mas vai me falar mais sobre essa saída ouviu?

-Mas eu já disse, não há nada pra se falar.

-Sei. Ta legal, depois nos vemos. Beijo. –Jess desligou.

Levantei-me e fui finalmente desfazer a malas. Eu jurava que só tinha trazido minha mochila, mas mamãe conseguiu assaltar meu armário em casa, e me trazer mais uma mala com um monte de roupas que eu não pedi a ela pra trazer. Tirei todas as roupas da mala e da mochila e comecei a colocar nos cabides que vovó me entregou mais cedo, pra pendurar as roupas no armário do meu quarto na casa dos meus avós. Aproveitei pra decidir qual roupa usaria no almoço na casa dos Thompson. Eu tinha muitas calças jeans, mas optei por um vestido rose de alça, que vovó me mandou de presente no Natal. Era bonito e informal. Mostrava minhas cochas, mas não muito. Gostei do vestido porque não tinha muito decote. Nunca gostei muito de mostrar meus seios. Meu pai bateu na porta, colocou a cabeça do corpo dentro do quarto.

-20 minutos pra sairmos Lexi! –Ele disse.

-Tá pai. –Disse tentando mostrar o quanto era chato que ele sempre me apressasse quando íamos sair. Ele bate a porta.

Depois de vestida pensei sobre o que ia fazer com meu cabelo. Eu tinha deixado o cabelo crescer, batiam na cintura. Tinha o cabelo castanho igual ao da minha avó, mas os da minha avo eram muito lisos, os meus ainda tinha algumas ondas que terminavam por formar cachos na a altura do cotovelo. Eu havia cortado em camadas e feito luzes douradas há um mês. Mamãe disse que ressaltou meus olhos. Meu pai tinha os olhos azuis como os do vovô, e minha mãe tinha olhos cor de mel. Mas a minha avó tinha os olhos mais lindos, um azul quase cinza, eu podia jurar que mudava de cor à noite, ela dizia que era uma herança de sua “nona alemã”. –O modo carinhoso como vovó chamava a vó alemã dela. Mas eu tinha os olhos verdes herdados não sei de quem. Eu nunca conheci nenhum parente que tivesse olhos verdes. Meus avós por parte de mãe tinham os olhos cor de mel, que mamãe herdou.Na verdade eu não me achava parecida com ninguém de minha família. Mas todos diziam que eu parecia com a vovó, então eu acabei por aceitar que sim. E minha avó era linda quando jovem, até hoje ela era muito conservada e elegante. Cabelos Loiros e olhos quase cinza, ainda magra. Eu era magra também, não muito alta, olhos verdes e não gostava dos meus seios. Depois de pensar sobre o que fazer com o cabelo, peguei um secador da vovó e sequei o cabelo, dei um jeito na franja que estava crescendo, e já batia no queijo, a joguei de lado. Coloquei os brincos que mamãe me deu no meu aniversário e uma sandália de tiras, baixa. Ainda bem que eu tinha ido à manicure um dia antes da viagem. Não gostava muito de viver no salão, mas decidi fazer as unhas ou vovó me levaria ao salão em Londres por certo. Tinha pintado as unhas da mão com um esmalte azul que eu gostei, e as unhas dos pés com um branquinho básico. Depois de uma rápida olhada no espelho desci as escadas aos gritos de papai dizendo que íamos nos atrás.


-Bonita. Não sei porque está tão bonita querida. –Minha mãe disse completamente zombeteira e deu um cutucão em vovó.

-Para mãe. –Fiquei vermelha, eu sabia que aquilo tinha alguma coisa a ver com a piada particular que minha desfrutava sobre minha saída com Johnny.

Depois do falatório do vovô e de meu pai, finalmente chegamos à casa da Jess. Anna, a mãe de Jess atende a porta e nos recebeu. Entre cumprimentos e abraços procurei por Jess.

-Eí Senhor Thompson, onde está a Jess? –Disse procurando por sinal da magrela.

-Sabe que não sei, porque não procura por ela na sala de TV? Jonathan estava jogando naquele Xbox dele. –Ele apontou a sala a esquerda.

Deixei todos conversando e fui à sala de TV. Como o senhor Thompson me indicou. Ele estava lá, Johnny estava jogado sobre o sofá branco jogando o vídeo-game.

-Eí, menina. –Ele disse ao notar que eu entrei na saleta.

-Oi. –Dei um sorriso. –Sabe da Jess?

-Não. Deve estar no banho, ou no celular. Ela estava brigando com aquele ex dela hoje de manhã. Ficaram umas três horas no celular. –Ele colocou o joystick na mesa de centro.

-Ela é doida. –Dei de ombros.

-Senta aqui. Como está? –Sentei-me.

-Bem e você?

-Também. Está... Bonita. Gostei do seu cabelo. Está até parecendo uma garota. –Ele disse entre um largo sorriso de quem acaba de tirar uma comigo.

-Sem graça. –Eu olhei do vídeo-game. –Não ta velho pra jogar?

-Ei gata, estou me despedindo do meu Xbox. Nós vamos ficar um bom tempo separados. Ele falou de um jeito tão engraçado que eu tive que rir.

-Muito bem então. –Disse entre um risinho.

-Eu ia te ligar, mas me dei conta de que não tenho seu número.

-Há. É verdade. –Eu abri minha bolsa procurando meu Iphone. –Me diga seu número também. –Ele disse, e armazenei em minha agenda. Depois mandei uma mensagem pro celular dele. -Pronto, eu armazenei. Mandei uma mensagem pro seu celular, armazena meu número.


-Há. –Ele puxou o celular do bolso. –Obrigado. Já armazenei também.

-Mas o que queria? –Perguntei.

-Ham? -Ele disse distraído, olhando pro visor de celular. –Há. Sim! Conversar. –Ele enfiou o celular no bolso outra vez.


-Mas agente já não conversou ontem?!

-Eu sei, mas eu queria te chamar pra sair outra vez. –Ele disse com um sorriso largo. –Se você quiser é claro. Pensei que não devia te deixar andar por ai com a maluca da minha irmã. Sei lá, outro passeio como o de ontem, pras suas fotos no apê novo?

-É claro, minhas fotos. Mas não é chato pra você ficar andando por ai comigo? Quer dizer. Você mora aqui, já conhece tudo que há pra se conhecer. Não vai ficar entediado?

-Não. Com você não tem como. –Ele me olhou nos olhos outra vez. Porque ele tem de fazer isso?!

-Não acho que eu seja tão animada assim. –Eu disse. E eu podia jurar que estava vermelha.

-Eu sei, mas eu sou uma alma caridosa. –Ele deu um sorriso de canto.

-Ei! Rapunzel! –Jess chegou e me assustou. Quase dei um pulo do sofá.

-Jess! Oi. –Respondi sem jeito.

-O que os pombinhos estão fazendo hem? –Ela sentou no outro sofá.

-Estávamos aqui em falando do quanto você engordou Jessie! –Johnny disse rindo muito da reação de Jess.

-Mentira! –Jessie começou a olhar pra barriga, como se fosse ter um ataque. –Pare Johnny! –Ela pegou umas das almofadas atrás dela e atirou nele, que desviou.

-Só to te zuando irmãzinha. –Ele se levantou. –Vou tomar um banho pro almoço. A Rapunzel está muito linda, não posso ficar pra trás. –Ele me beijou na bochecha. –Já volto Rapunzel.Droga ele me beijou na bochecha! Fiz o maior esforço possível pra me manter com cara de paisagem.

Assim que ele saiu da saleta Jessie se levantou e veio correndo sentar do meu lado.

-Me diz agora como isso aconteceu? –Ela perguntou como se estivesse me intimado!

-O que? –Perguntei sem entender nada.

-Você e ele! Jonathan! Meu irmão ta a fim de você! –Jessie estava mais branca que eu agora.

-O que?! Não! –Eu disse perplexa.

-Sim. Conheço o Johnny, ele está risinhos demais. Conversinhas demais. Ele nunca é assim, a menos que tenha algum interesse. E a sua cara também não ta ajudando muito. Porque você parece que vai desmaiar. –Não pude responder. Fiquei imaginando se mais alguém tinha notado a minha expressão, assim como Jessie.

-Há Jessie não é nada disso. Estamos só conversando.

-Sei. Vocês nunca se deram bem... –Ela disse desconfiada.

-Éramos crianças Jessie. Agora somos outras pessoas. Não tem nada de mais. –E não pude continuar com meu discurso “Não estamos a fim um do outro”, porque a senhora Thompson entrou na sala e nos chamou para almoçar.


Uma mesa posta cheia de gente e conversas paralelas. Uma comida deliciosa e uma sobremesa melhor ainda. Meu pai passou alguns minutos contando ao pai de Jessi o quanto estava orgulhoso por eu entrar na faculdade. E conversando com Johnny sobre a carreira militar. Depois fomos todos para a sala de estar e conversávamos todos quando Jessei me arrastou para seu quarto.

-Jessie eu queria conversar mais com sua mãe. –Reclamei, pois a senhora Thompson estava me dando uma dica interessante sobre comida de micro-ondas.Não sei cozinhar e já que vou morar sozinha, comida de micro-ondas vai ser minha amiga por um bom tempo.

-Há ela tem um livro de receitas que comprou pela internet. Depois ela e da o nome. Quero te mostrar uma coisa. –Ela abriu a gaveta da escrivaninha, e pegou um envelope. Depois me entregou o mesmo.

Era a inscrição de Jessie para a faculdade. Ela sempre disse que faria Dança contemporânea.

-Acha que vai conseguir? –Perguntei.

-Bem eu tenho um teste para a Escola de Danças mais graduada, se for bem no teste eu entro, mas dizem que eles são muito exigentes.

-Há mas você é boa. Treine bastante e você vai conseguir.

-Meu teste é em Nova Iorque em duas semanas. Dois dias de dança, com as mais tops das tops, e vai ser uma disputa acirrada. Minha mãe endoidou, mas disse que vai comigo. Vai ser uma viagem de três dias que depende todo o meu futuro. Imagina se eu consigo?!

-Nossa, meus parabéns! –Ela estava muito feliz.

-Então você vai antes de eu voltar pra casa. Ainda bem que você volta logo, são só três dias né?!

-Três dias, e se eu entrar será cinco anos nos Estados Unidos, e depois a Rússia! –Ela deu um pulo da cama. Não pude evitar rir.

-Rússia? –Perguntei entre riso.

-Balé Russo querida!

-Puxa! –Fiquei boquiaberta com os planos dela. Balé Russo?! Essa garota sonha alto.

-Porque estão aqui dentro? –Johnny chegou de supetão.

-Que susto Johnny! –Jessie disse com a mão no peito. –Nada, estamos apenas conversando. Conversa de meninas, intrometido.

-Ok. –Ele deitou na cama de Jess apoiado nos cotovelos.

-Vai ficar aqui mesmo, escutando nossa conversa? –Jessie perguntou de braços cruzados.

-Vou, não tenho nada melhor pra fazer mesmo. –Ele disse com cara de entediado.

-O que deu em você esses dias? –Jessie perguntou.

-Como assim maluca? –Johnny estava intrigado.

-Ué, só fica nos cercando o tempo todo, não tem saído mais toda noite. Como vai para a base logo, achei que fosse querer curtir em todas as boates da cidade! –Ela ergueu uma sobrancelha.

-Cansei das baladas daqui. Acho que tem algo que tem me interessado mais esses dias. –Ele disse rindo ironicamente. Levantei-me da cama. De repente me deu uma vontade súbita de fugir pra mais longe possível dali.

-Eu vou desce, nem tive a chance de conversar com seus pais direto. –Disse sem graça.

-Que isso?! O que você podia falar com nossos pais Lexi?! Aposto que papai já abriu uma das garrafas de vinho dele, e estão bebendo e falando de coisas chatas. Fiquem então os dois aqui, que eu vou pegar uns salgadinhos pra gente. –Ela se dirigiu a porta.

-Ei, traz uma coca pra mim. –Johnny pediu. –Quer também Lexi?

-Há, sim obrigado. –Disse ainda meio alienada. Jessie foi à cozinha.

Eu tinha de evitar o contato visual com ele, eu não estava muito confiante das minhas ações. Disfarcei que ia olhar a rua e fui até a janela. Ele não disse nada por alguns minutos. Mas de repente senti sua mão em meu braço. “Mas que droga! Porque fico desse jeito? É só o Johnny. O conheço desde pequeno, não era eu estar desse jeito!”.

-Então, quer sair mais tarde? –Senti aquela sensação outra vez. Eu não tinha o suporte pra aguentar o toque dele.

-Não sei. –Respondi ainda olhando pra janela.

-Porque? Deixa de ser chata, quero te levar na boate do meu amigo. –Ele encostou-se à janela com os braços cruzados no peito. Não pude evitar, tive de olhar pra ele.

-Não gosto de dançar. Johnny, não sei mais se devemos sair.

-Por quê? Não combinamos que ia te levar por ai pra tirar suas fotos? Tá com medo de que?

-Não to com medo de nada. Eu só... –Eu não tinha nenhuma desculpa.

-Só? –Ele ergue uma sobrancelha. –Tudo bem, se não quer minha companhia é só dizer. Eu só to tentando... Deixa pra lá. –Ele deu um sorriso torto e se virou.

-Johnny, desculpa. Você ta sendo muito legal. Eu que sou uma mimadinha mesmo, como você diz. –Eu estava mesmo sendo uma estranha, Johnny Thompson estava sendo muito legal e eu estava com medo de ficar sozinha com ele.

-Ok. Eu vou dar umas voltas por ai. Tchau. –Foi só o que ele respondeu.

-Boate? –Perguntei sem jeito.

-Há, é de um amigo meu, vai ser a inauguração, e eu tenho dois convites. –Ele se virou. Quer ir comigo?

-Adoraria. Mas é meu dever te avisar que eu sou péssima dançando. –Eu sorri, queria quebrar o gelo.

-Da pra ver pelo modo como você se move. Já te disse que é um milagre você ainda não ter furado um olho. –Ele disse. Depois sorriu. Jessie entrou trazendo batatas e refrigerante.

-Sua coca. –Ela entregou a Johnny. –Batatas? –Depois sentou de pernas cruzadas na cadeira. –Então qual o papo?

-A boate nova do Nick. Eu convidei a Lexi.

-Hum, então é um encontro? –Jessie perguntou, e eu me engasguei com a coca.Comecei a tossir sem parar. Droga! Jessie me mata de vergonha.

-Tudo bem Lexi? –Jessie perguntou, mas eu sabia que ela estava morrendo de rir por dentro.

-Tudo. –Respondi com os olhos arregalados. Que vontade de matar ela.

-Então Johnny?

-O que? -Ele pegou uma batata do pacote e enfiou na boca,-Encontro? – Jess insistiu.

-Vai ser o que ela quiser. –Ele me apontou com o queixo.Juro por Deus que eu era um misto de ódio da Jessie a amor também. Ela era uma grande bocuda fofa.

-Lexi?! Oi meninos. –Minha mãe chamou, parada no batente da porta. –Querida nós já vamos. Vai ficar ou vai conosco?

-Ham... Vou com vocês mãe. Tchau gente.

-Tchau amiga. –Jessie disse ainda rindo muito de sua piada interna sobre Johnny e eu.

-Tchau Lexi. Há, que horas quer que eu passe pra te pegar? –Johnny perguntou.

-Não sei. –Disse.

-Vão sair? –Minha mãe curiosa perguntou.

-Sim senhora, um amigo nosso vai inaugurar uma boate hoje, convidei a Lexi. Se a senhora permitir é claro. –Johnny fez cara de bom moço.

-Oh! Claro. Será bom pra Lexi sair com gente da idade dela. Imagina que ela passou os últimos meses estudando pra faculdade e só saia com Mike?! –Minha mãe e sua boca grande.

-Ok, mãe agora vamos né. –Dei um puxão no braço dela.

-Ei, passo lá pelas 9 horas, ok?! –Johnny gritou da porta.

-Ok! –Só pude responder.

Despedimo-nos dos Thompson e fomos pra casa. Graças A Deus minha mãe não soltou nenhuma piadinha sobre Johnny e eu. Assim que chegamos em casa e me joguei no sofá.

-Meg, você viu como a Anna está gordinha, ela me disse que entrou em uma dieta da sopa. Não acredito que essas dietas funcionem. –Vovó dizia a minha mãe. Depois sentou no sofá ao meu lado.

-Nem eu, isso é tudo balela. Gostei muito das reformas que fizeram na casa. Eles devem ter tido um trabalhão, mas agora vão ficar com aquela casa enorme só pra eles, com os meninos saindo de casa. E falando em meninos, como o Jonathan cresceu, já é um homem, muito parecido com o pai. Ficou muito bonito mesmo. Não acha Lexi? –Pronto começou. Sabia que ela ia falar alguma coisa.


-Ham? Acho que sim. –Respondi secamente.

-Vai ser piloto, seguir a carreira do avô. Isto é muito bonito. Querida, você e Jessica estão mesmo decididas a morar no seu apartamento?

-Sim mãe. Jess tem um teste em Nova Iorque em duas semanas, parece que dura dois dias. Se passar, serão quatro anos na Califórnia na tal escola de dança. A mãe dela vai com ela.

-Essa menina gosta mesmo de dançar. Também com aquele corpo de modelo que ela tem. Tomara que consiga, será uma companhia pra você. Não gosto muito da idéia de você sozinha, com uma amiga é bem melhor. –Minha mãe estava falante demais.

-Vou subir, ligar pro Mike, prometi a ele. –Subi as escadas.

Tive que fugir do ataque de falas da minha mãe. Se tem uma coisa que eu sabia era que minha mãe era muito diferente de mim. Eu era muito menos fofoqueira que ela.Bati a porta do quarto e liguei pro meu amigo.

-Alô Mike.

-Oi Alexandra! –Mike zombou do outro lado da linha.

-Não comece. Então Dom Juan, como foi seu encontro?

-Chato, ela é uma patricinha. Garota chata demais. Mas e você, como ta indo tudo ai?

-Legal. Ei minha amiga Jessie talvez var morar comigo no meu apê.

-Gatinha?! –Mike perguntou.

-Sim, mas nem pensar que vou deixar você jogar seu charme nela. E você não conseguiu convencer sua mãe sobre a faculdade?

-Não. Ela tem essa paranóia desde que meu pai morreu. Sei lá. Eu fico com pena e acabo ficando do lado dela. Mas quando eu for residente ela vai ter de se acalmar. Deixa isso pra lá. Mas fala ai, tem saído muito aí?

-Bem, um pouco, hoje eu vou a inauguração de uma boa com um amigo.

-Um encontro? –Mike perguntou.

-Não! Bem, eu acho que não. Mike, como vou ter um encontro com alguém daqui? Daqui a um mês eu volto pra casa!

-O que tem isso? Por isso você ainda é uma solteirona virgem. –Ele zombou.

-Ei! Não acredito que disse isso. Quem é você pra falar?! –Nós dois rimos. –Ok seu mala, vou desligar agora, amanhã me liga ouviu?

-Sim senhora. – Ele desligou.

Próximo passo- Escolher uma roupa. Eu não sabia bem o que vestir. Jessie saberia, mas se eu ligasse pra perguntar ela ia dizer que eu estava animada demais, ia implicar comigo na certa. Vou ter de me virar sozinha.Abri o armário onde eu tinha pendurado minhas roupas mais cedo. Pensei em qualquer roupa preta. Pretinho básico vai bem com tudo, menos em casamentos. Talvez algo com um pouco de brilho, mas não muito pra não chamar atenção demais. Decidi por um vestido justo tomara-que-caia preto, com alguns detalhes prata. Não gosto de salto fino, então optei por uma sandália plataforma nude, não muito alta. Agora só precisava decidir o que fazer com o cabelo.Tomei uma duxa. E me vesti. Olhando-me na frente do espelho eu pensei: Fique calma, é só o Johnny. Não a motivo pra ficar nervosa. Não é um encontro mesmo! –Não sabia por que estava tão nervosa, eu não podia estar nervosa pra sair com o Johnny Thompson. Passei minha infância inteira detestando ele. Isso não vai dar em nada mesmo. Logo nossas vidas vão seguir rumos muito opostos. Repeti todo o meu discurso “Anti-relacionamento”, e me senti mais calma.

-Está muito bonita Alexandra. –Vovó me deu um susto. Ela esteve parada no batente da porta me observando e eu nem persebi.

-Nossa Vó, me deu um susto. –Suspirei de alívio, porque não minha mãe, ela sim ia me atazanar até mais tarde.

-Desculpe. Ela fechou a porta e se sentou na cama, atrás de mim. Está muito bonita.

-Acha mesmo? –Me virei pra olhá-la.

-Claro! Mas o que vai fazer com o cabelo?

-Não sei vovó. Tem alguma sugestão? –Eu estava praticamente implorando pela classe de minha vó.

-Bem... –Ela se levantou e passou a mão no meu cabelo ainda molhado do banho. –Onde está o secador que te dei de manhã?

-Aqui. –Peguei o secador que estava na cadeira do meu lado e o entreguei a ela.

-Vamos secar esse cabelão, e ajeitar essa franja. –Ela disse enquanto trabalhava em meu cabelo. –Entendo porque está tão nervosa. Ele é mesmo muito bonito.

-Quem? –Me fiz de desentendida.

-Jonathan! E é um bom rapaz, Alexandra. Nem preciso dizer que faria muito gosto se vocês dois... –Eu a interrompi.

-Vó pare! Nós não estamos namorando nem nada.

-Não disse que estavam. – Ela deu uma piscadela. –Avós!

Ela não disse mais nada e eu preferi me calar também. Ela estava certa, mas eu era tímida demais pra admitir. -Eu nervosa, e sim, ele era lindo. –O garota que era cheio de espinhas e era irritante, cresceu e ficou lindo, corpo perfeito, sorriso de matar. Combinação perigosa para uma garota como eu.Eu não gostava de namoros porque no geral nunca acabavam bem, e porque um cara como ele, e uma garota como eu íamos dar certo? Nós morávamos em países diferentes. Eu ficaria na faculdade por quatro anos e ele ia seguir carreira como o avô. Quase nunca nos veremos daqui pra frente, e eu não to podendo pensar em namoro de férias; Mas como vou explicar isso pro meu corpo, que a cada movimento dele pra perto de mim, quer ficar mais perto também. Não! Eu tinha que focar no meu futuro, nos meus planos. Não em um carinha gato, com um sorriso lindo e músculos perfeitos. Tudo bem que ele era engraçado, legal e interessante, mas não ia rolar. –Só amigos. –Eu disse a mim mesma.

-O que disse querida? –minha vó perguntou. Ai não! Eu disse em voz alta e nem percebi.

-Nada vó. –Finalmente prestei atenção no meu cabelo.

Não sei como ela fazia, mas ele tinha jeito mesmo. Ela alisou meu cabelo e ajeitou minha franja. Ficou bonito mesmo.

-Maquiagem? –Vovó perguntou.

-Só batom e rímel. –Abri minha nécessaire e passei um batom rosinha e um pouco de rímel. –Que tal estou? –Dei um beijo nela por ser tão fofa, pra uma avó.

-Linda. –Vovó respondeu. E ouvi a buzina do carro. Era o espinhento.

-Epa, o espinhento chegou. Beijos vó. –Le beijei a bochecha outra vez e sai porta fora, descendo as escadas, e só tendo tempo de dizer: Não volto tarde pai e mãe.

Abri a porta e ele estava lá no carro. Encostado na porta do carona de pernas e braços cruzados em pé. Era lindo demais. Mais ainda era aquele Johnny, o espinhento.

-Olá moça. –Ele disse.

-Oi espinhento.

-Hum. Voltamos aos apelidos mimadinha? –Ele disse sorrindo.

-Você disse que me deixaria descontar por todo o tempo que vamos ficar sem nos ver quando for para a base. –Dei de ombros.

-É verdade. Eu disse. Vamos?

-Sim. –Ele abriu a porta do carro pra mim, depois deu a volta e entrou no carro.

-Preparada para uma noite de diversão comigo? –Ele disse muito diabólico.

-Com tanto que me devolva pra minha família, estou. –Nós dois rimos. –Vamos logo bobão.

Ele dirigiu até o centro de Londres e estacionou rua uma antes da boate. Descemos a caminhamos até a porta da boate. Havia uma filha de pessoas e muita gente na porta. Passamos direto pela fila. Johnny mostrou os convites ao segurança na porta e entramos facilmente.

-Pensei que íamos ter de ficar naquele fila imensa lá fora. –Eu praticamente tive de gritar, por causa da música alta.

A boate era muito grande por dentro. E estava muito cheia. Muitas luzes neon por todos os lados, e atrás de uma multidão de gente eu consegui ver um bar.

-Vamos pegar alguma coisa pra beber. –Johnny disse em meu ouvido. Ele pegou minha mãe e fomos até o bar.

-Lu! –Johnny chamou o barman. –Oi cara! –Eles apertaram as mãos. –Lexi esse é meu amigo Lu. Lu essa é Lexi, uma amiga minha.

-Oi. –Eu cumprimentei.

-Oi linda. Mas o que uma gatinha como você faz com JohnJohn? –Não pude evitar rir do apelido que ele deu a Johnny.

-JohnJohn?! –Disse entre risos.

-Há Lu, não me estraga pra ela. –Johnny disse ao amigo. –Lexi você bebe?

-Ham... Não vou muito bem com bebida. Bebo qualquer coisa sem muito álcool. –Eu tinha 18 anos, mas não era muito de beber. Claro que todo adolescente enche a cara algum vez na vida, só pra provar que já é adulto, mas eu não ficava muito bem no dia seguinte.

-Ouviu a moça, Lu. Pra mim uma água tônica. –Johnny tinha 20 anos, era de se esperar que bebesse alguma coisa, mas ele não quis e eu não fiz questão de perguntar o porquê. –Muito legal aqui não é? –Ele me perguntou

-Sim. Está lotado. Conhece o dono há muito tempo?

-Nick e eu brigamos uma vez. Não pergunte, mas desde então somos amigos. –Ele disse, quando Lu trouxe minha bebida.

-Moça, por conta da casa. Só porque é namorada do JohnJohn. –Lu disse.

-Obrigado. Mas agente não namora. –Bebi um pouco. Álcool descendo pela garganta, e sensação de queimação. –Mas porque o chama de JohnJohn?

-Lu, se contar eu te mato e não deixo testemunhas. –John disse bebendo a sua tônica.

-Seguinte gata- O Johnny aqui já fez um pega com o Nick, o dono da boate. E na época o Nick saia com uma coreana. O nosso Johnny deu em cima da japa e ela o chamou de JohnJohn, quando ele venceu o pega. Ele levou a grana do Nick, a garota, o apelido e um soco na cara. –Quase cuspi toda a bebida. Tive um acesso de riso.


-JohnJohn, piloto de pega? E ainda ficou amigo do cara? –Perguntei entre o riso.

-Fiquei, e o soco me rendeu isso. –Ele mostrou a pequena cicatriz acima da sobrancelha. –Esqueci isso, vem vamos dançar. –Ele pegou minha mão me puxando até a pista de dança.

-Johnny, eu disse que não sei dançar. –Eu tentei implorar pra ele não me fazer dançar, mas foi em vão.

-Não seja boba, é fácil, é só se soltar e se mover como se estivesse mais bêbada do que normal. –Ele me fazia rir. Acabei me soltado e arriscando alguns pacinhos. 

Confesso era divertido passar meu tempo com ele. Tudo nele era intenso demais. Ele pegou minha cintura e dançamos despreocupados. Livres, jovens e sem futuro.

-Viu como agora você sabe dançar?! –Ele disse em meu ouvido, em meio a toda gente conversando e música alta.

-Acho que sim. –Eu disse sorrindo. Ele deu a volta e ficou atrás de mim. Novamente segurou minha cintura. Senti seu queixo em meu ombro. Então ele disse:

-Viu como fica perfeita quando está comigo?! -Minha primeira reação foi de choque. Mas eu tive de me controlar.

Ele não falou mais nada até o final da música e eu fingi que não entendi o que ele havia dito.

-Vem, vamos lá pra cima, tem umas mesas lá na área VIP. –Ele pegou minha mão e subimos a escada cheia de pessoa.

Sentamos e ele e pegou água pra bebermos.

-Você não bebe? -Perguntei.

-Quase nunca. Não mais. –Ele responde.

-Porque ?

-Não gosto de não poder controlar meu corpo. Da ultima vez eu levei um soco, e tenho uma cicatriz e duas costelas quebradas pra me lembrar que eu devo me manter sobre controle.

-Duas costelas?! O tal do Nick é lutador, ou o que? –Tomei um susto.

-Não foi o Nick. Depois que ele me bateu por pegar a grana e a garota dele, eu fui embora com a Jem, esse era o nome dela. Eu bebi demais e bati de carro, ela não sofreu nada, mas eu quebrei duas costelas. E acordei no hospital com o Nick do meu lado. Acredite se quiser, foi ele que chamou o socorro, e me tirou do carro.

-Nossa! Daí ficaram amigos? –Fiquei chocada.

-É, o cara me salvou. Eu estava bêbado e sendo idiota. Por isso quase não bebo mais. Mais isso já passou.

-Mas porque nunca soube disso? Sua mãe nunca disse nada, nem vovó.

-Porque ela não sabe. Não disse que me meti em um pega, bati de carro e quebrei duas costelas. Eu tinha 17 anos, meu pai ai me matar. Só a Jess sabe, mas eu pedi pra ela não contar pra ninguém. Liguei pro pai do hospital dizendo que ia viajar com uns amigos. Jess me emprestou a grana do concerto do carro, que estava com a frente toda ferrada. Fiquei na casa do Nick e ficamos amigos.

-Nossa, você aprontava mesmo. Há! Isso foi naquele verão que viemos pra cá e seus pais disseram que estava esquiando? –Me lembrei do episódio.

-Foi. Mas olha, não diz pra ninguém ok?

-Sem problemas JohnJohn. –Disse zombando dele.

-Ta bom. Mas e você, já fez alguma loucura menina? –Ele perguntou.

-Não gosto de risco não calculados. –Respondi com franqueza.

-Mas e namorado, Mike é seu namorado? –Ele perguntou.

-Mike?! –Tive que rir. Mike meu namorado? Como ele pode pensar isso?!

-Eu disse alguma coisa engraçada? –Acho que ele não curtiu a piada. Olhou-me muito sério.

-Desculpe, não quis parecer debochada. É só que o Mike está a tanto tempo na vida que ele é mais que um namorado. É meu amor.


-Hum... Você pensa em algum futuro com ele? –Ele estava mesmo sério, quando se tratava de Mike.

-Penso. Em sermos irmãos pra sempre. –Dei de ombros.

-Irmão? –Johnny estreitou as sobrancelhas. –Ele é seu namorado ou não?

- Mike é meu amigo desde que eu me lembro. Somos visinhos a vida toda. Ele é mais que um namorado, é um amigão. É meu irmão.

-Há ta! –Ele deu um sorriso. –É que sua mãe tinha dito que você só tem estudado e saído com o Mike. Pensei que fossem namorados de colégio ou sei lá.

-Definitivamente Mike está em outro nível de um namoro comigo. Mas e você JohnJohn, tinha me dito que terminou esse namoro por causa da sua partida. Mas não pensa em namoro mesmo?

-Penso até demais se quer saber. Mas acho que não é o momento certo.

-Por quê? –Estava intrigada.

-Por que ela é complicada. E eu sou simples demais. –Ele disse. E eu decidi mudar de assunto, não queria saber dos namoros do Johnny.

-Então vai me mostrar como se dança mais um pouco? –Eu me levantei.

-Claro. –Outra musica. Voltamos à pista.

Nunca tinha ouvido a música que ticava, mas eu gostei muito. Alguma banda falando espanhol. Sabia por que papai tinha me feito estudar espanhol e latim quando mais nova. Era estranho, mas a letra podia descrever exatamente oque se passava em mim, quando eu estava com Johnny. 

(Link para ouvir a música- http://www.youtube.com/watch?v=GwaKO9qnNp4 )Tudo que lembro é que estávamos dançando, e eu estava muito animada. Ele dançava bem, me conduzia e rimos á toa. Outra vez ele segurou minha cintura e cada vez foi chegando mais perto. Quando meu dei conta eu podia sentir seu hálito em meu rosto se ele falasse. Eu parei de sorrir, algo estava acontecendo, ele também sentiu. Ele passou gentilmente sua mão em meu rosto, ele retirou uma mecha de meu cabelo que caia sobre meus olhos.Olhei em seus olhos e nesse momento pra mim não havia mais ninguém ali, eu não ouvia mais nada, não via mais nada, estava alheia a tudo que acontecia ao meu redor. Só existia ele.- Johnny subia sua mão de minha cintura até as costas, com a outra segurou minha nuca, senti seus dedos por entre meus cabelos, e... Tudo era ele, oh somente ele! Ele não sorria agora. Eu sabia o que estava por vir, meu medo me paralisou, eu não conseguia reagir, eu não tinha forças pra fazer mais nada além de ficar ali, com ele. Ele tinha o controle.Johnny aproximou os lábios dos meus, ele ia me beijar. Mas não beijou, ele parou. Pensei que ele fosse desistir, mas então entendi, ele esperava um sinal. Mas como eu podia dizer que estava ali com ele, que ele me tinha? Não desviei o olhar.Outra vez ele se aproximou, lábios perto dos meus, então dessa vez ele o fez. Senti seus lábios nos meus... Bocas unidas, lábios macios, hálito fresco. Nossos lábios se moviam em perfeita sincronia e era tão perfeito. Então gentilmente ele se afastou, tão lentamente como quando havia se aproximado. Um beijo, e eu sabia- estava mais envolvida do que jamais estive.

-Eu... –Tentei formular uma frase, mas nenhuma palavra saia de meus lábios recém beijados.

Ele não me deixou dizer mais nada. Outra vez se aproximou e me beijou, só que dessa vez era mais urgente, senti sua língua em minha boca. E algo que só sei descrever em uma palavra- Tesão! -Puro e simples.Mordeu-me os lábios e a mão que estava entrelaça em meus cabelos foi para meu rosto, segurando meu queixo, então ambos nos afastamos. Depois outro beijo rápido e tão doce como o primeiro havia sido, colou seus lábios nos meus como um selo, uma marca do que ele havia feito em mim, de que ele havia estado comigo, e eu não poderia esquecer. Eu não podia fazer mais nada, o toque dele, o tesão, toda a tensão, eu não tinha o suporte para me sentir assim.Ele passou a mão em meu rosto, olhou em meus olhos, então sorriu. O sorriso que me deixava derretida, meu corpo estava completamente sem controle. Eu sabia que se ele tirasse a mão que ainda estava em minha cintura eu ia desabar. –Gravidade, por favor, não me esqueça de me manter de pé! –Eu pensei.Ainda olhando em seus olhos eu finalmente tive alguma reação. Eu queria mais, muito mais. Eu teria me atirado nele, se não fosse tão travada. Tudo que pode fazer foi fugir.-Está muito quente aqui, você não acha?! Acho que vou lá fora tomar um ar. –Sai da boate feio um furacão. Não parei até chegar à porta, empurrei quem estava em minha frente. Não me dei conta de nada. Quando finalmente cheguei à porta e passei pelos seguranças, senti o vento frio da noite no meu rosto. Meus cabelos balançavam, e ao respirar a fumaça do frio saiu dos lábios. Então senti uma mão segurar meu braço.

-Pare ou vai quebrar uma perna, de tanto correr. –Johnny disse. –Você está bem? – Me virei para olhá-lo.

-Sim, é que eu estava muito quente lá dentro. Eu precisava de ar puro. –Disse ainda ofegante.

-Está é muito frio aqui fora. Isso sim. Quer que eu te leve pra casa? –Johnny me perguntou.

-Eu acho que sim.

-Acha?! –Ele sorriu. –Está bem. Vamos pegar o carro.

Caminhamos até o carro, em silêncio. Estava frio, devia ser mais de 2 da manhã. Ele abriu a portado carro pra mim e entrou logo após. Ele colocou a chave na ignição para ligar o carro, mas parou. Parecia estar decidindo o que ia dizer. Olhando disfarçadamente, pois eu só olhava pra minhas mãos, o vi balançar a cabeça sem muita certeza.

-Só quero que saiba, eu sei o que eu quero, e o que sinto, então da próxima vez que fugir, saiba que é só por você. Serão seus motivos e sua escolha, não meus. –Ele disse, e ligou o carro. O trajeto de volta pra casa foi em silêncio. Ele parou o carro na frente da casa dos meus avós.

-Johnny, me desculpe. Eu sei que está pensando que eu sou uma doida, ou coisa pior...

-Não estou pensando isso. Só acho que talvez eu seja um risco que você não pode calcular. –Ele repetiu as minhas palavras de antes. –Mas às vezes o risco vale á pena.

-Não é isso. Só não quero me apegar a algo que não vai durar. –Eu olhei pra ele.

-É porque moramos longe um do outro? Ou porque você vai pra faculdade e eu pra base?! Acho que você não quer nem tentar. Mas deve ficar fria, foi só um beijo. Não vai te deixar nenhuma marca. –Ele disse me dando aquele sorriso de canto.

-Pensei que você também não quisesse se envolver. Mas você tem razão foi só um beijo. –Respondi.

-Não queria, mas não pude evitar. Agente não controla certas coisas. Não controlo nada perto de você, Lexi. E fico pensando que você também não controla. O que estou dizendo, é que eu não to nem ai pra qualquer coisa agora. Te beijei e você correspondeu, e eu quero que aconteça outra vez. –Ele me disse.

Pensei sobre o risco, sobre a distância e sobre nós. “Que se dane!”

-Eu também. –Eu disse sorrindo. –Também quero que aconteça outra vez.

No minuto seguinte estávamos colados outra vez. Lábios colados, línguas unidas, mãos urgentes. Ele tirou seu cinto de segurança e chegou mais perto, pôs sua mão em meu rosto, eu enrosquei as minhas em seu pescoço, praticamente me joguei contra a porta do carona, onde estava sentada, com ele em cima de mim. Beijou meu pescoço e mordeu minha orelha, entrelaçou seus dedos em meus cabelos e me beijou outra vez, e outras vezes mais.Ainda sem fôlego tive que me afastar, ele era demais pra meu controle. Olhos nos olhos e narizes se tocando, respiração acelerada pela falta de fôlego, nós dois rimos. Johnny passou seu polegar em minha bochecha e segurou meu rosto com as mãos, então me beijou uma ultima vez, não era nada físico, era doce, tão doce que nós não queríamos afastar nossos lábios.

-Eu preciso ir. Obrigado pela saída. –Eu disse sorrindo feito boba.

-Tá. –Ele ainda estava sem fôlego. -Quero ver você amanhã. Posso passar aqui?

-Pode. –Respondi ainda boba. Então abri a porta do carro, mas ele seguro meu braço.

-Lexi acha que o risco valeu à pena? –Johnny perguntou sorrindo como um menino.

-Jonathan eu ainda não medi o risco. –Então eu saí do carro. Dei mas uma olhada pra ele antes de me virar e entrar em casa.

Subi na ponta dos pés, para o quarto. Tirei minha roupa e deixei sobre a cama, me enrolei em uma toalha e fui tomar um banho.

-Se divertiu? –Minha mãe estava de robe sentada na beirada da cama, quando entrei no quarto, depois do banho.

-Mãe que susto! –Quase tive um ataque.

-Desculpe, é que ouvi quando você abriu a porta. Queria saber se foi tudo bem?

-Sim foi. Foi bem legal.

-Estão namorando? –Uma eterna xereta.

-Não. E mesmo que estivéssemos não ia falar isso agora. Preciso dormir e a senhora também. –Eu expulsei do quarto e fui dormir.

Acordei no dia seguinte mais feliz do que eu posso me lembrar. Quando desci pra tomar café já podia ouvir as conversar da sala.

-Judy já te disse que isso é o charme da idade. –Meu pai dizia quando entrei e me sentei na mesa do café. –Oi querida.

-Oi pai. Qual a discussão? –Me servi de um pouco de café.

-Estou dizendo a seu pai que ele vai acabar um velho barrigudo e rabugento. –Judy zombava.

-Querida, eu ainda malho. Estou em forma. –Meu pai respondeu. Todos riram.

-Então Alexandra, como foi seu passeio? –Vovô perguntou.

-Legal vô. Diverti-me. –Respondi.

-Dançou muito? –Mamãe perguntou.

-Sim. –Respondi despreocupada.

-Quem é você? Lexi você nunca dança. Vive dizendo que não sabe.

-Mas pra tudo tem uma primeira vez mãe.

Tomamos o café e decidimos sair com a vovó, para fazer compras. Andar pelas lojas em Londres era um sonho para qualquer garota. E minha avó me comprou um par de brincos de ouro branco, que eu claro disse que não precisava, mas amei. Conversamos, tiramos fotos, e fomos ao salão.É claro minha mãe comprou mais coisas do que podíamos carregar. Ela era compulsiva, e sobrou pra mim a tarefa de levar as sacolas.

-Lexi assim que voltarmos pra casa, vamos ter que sair pra providenciar a mobília pro seu apartamento. –Mamãe disse.

-É verdade mãe. Eu tinha até me esquecido. –Respondi distraída.Passamos a dia juntas e até que eu gostei. Quando voltamos para casa no fim da tarde.

-Voltamos. –Anunciei ao entrar na sala com a multidão de sacolas da mamãe.

-E compraram Londres inteira? –Meu pai me perguntou.

-Sua esposa fez isso pai! –Disse zombeteira. Mas tomei um susto, porque Johnny estava sentado no outro sofá do lado do vovô.

-Oi. –Ele disse sorrindo.

-Oi. –Respondi sem graça.


-Estava te esperando. –Johnny se levantou e me deu um beijo na bochecha.

-Oh. Porque não me ligou? Eu podia ter voltado antes. –Respondi.

-Tudo bem. Estava conversando com seu pai. –Ele deu de ombros.

-Com papai. –Repeti suas palavras.

-Sim, sobre a carreira militar.

-Jonathan tem um futuro promissor. Rapaz, espero um dia te ver usando aquele uniforme e como um oficial.

-Sim senhor, eu também. –Cara de bom moço. Ele era tão puxa saco que até prestou continência para o vovô.

-Johnny você queria falar comigo? –Tive que cortar a melação. Ou meu pai engataria em algum assunto sobre a Força Aérea e ninguém ai conseguir parar ele.

-É queria conversar com você.

-Oh, vamos lá no meu quarto. –Disse sobre os olhares militares de meu avô e pai. –Fiquei de te dar aquele site não é?! –Disfarcei.

-Site?! Há sim o site. –Ele era mais sonso do que eu pensava.Sai carregando ele pra cima antes que meu pai dissesse algo. Fechei a porta do quarto assim que entramos.

-Porque não me ligou? –Perguntei baixo.

-Porque eu vim te ver. –Ele disse com um sorriso irônico. Depois se jogou na minha cama como se fosse de casa.

-Seu doido. Você não disse nada sobre a gente não é Johnny?

-Não. –Ele fez uma cara de entediado. –Queria que eu tivesse dito? –Outro sorriso.

-Não. Mas sobre o que conversaram?

-Já disse- a Força Aérea. Porque está tão chata? –Ele se levantou. –Estava com saudades. –Ele me beijou. –Droga, cada vez que ele me beijava eu perdia meu controle.

-Não pode me beijar. Meus pais estão lá em baixo.

-Verdade?! –Johnny disse zombeteiro. Roubou-me outro beijo e eu não pude resistir. Beijamo-nos e ficamos abraçados rindo um do outro. –Eu não consigo ficar longe de você. –Ele me disse ainda com um sorriso.

Então a realidade me sugou como a gravidade. Eu me afastei, e me sentei na beirada da cama. Estava ficando com um cara que eu gostava demais. Quando eu tivesse que ir embora, ia acabar sofrendo muito. Tinha que terminar com aquilo antes que fosse tarde demais. Antes que eu me apaixonasse.

-Mas você vai. Nós vamos nos afastar em duas semanas. Depois disso acho que talvez nunca mais eu te veja. Mas você já sabe disso, sempre soube. –Ele se sentou ao meu lado.

-Eu sei. Mas porque pensar nisso agora? A gente não pode curtir o momento?

-Você é mesmo simples demais Johnny. Mas eu sou muito complicada, muito certinha. Totalmente o oposto. Agente não pode curtir o momento. –Eu olhei em seus olhos.

-Está me dispensando?

-Estou. –Desviei o olhar. Ele se levantou.

-Como quiser. Você sabe o que faz. –Ele balançou a cabeça, como se estivesse em uma confusão mental. Eu me levantei. Daí ele se virou pra mim e beijou na bochecha. –Tchau Lexi.

Fique em silêncio. Senti-me estranha, era como se metade de mim saísse com ele. Não sabia o que estava havendo entre nós, mas eu estava com medo de cruzar uma linha e não pode voltar atrás- Estava com medo de me apaixonar por ele e ter de me despedir dele, abrir mão de tudo aquilo, quando eu voltasse pra casa. Afinal era só uma paixão de verão, não ia durar muito. Mas isso era o que eu achava na época.

Nos dias que se seguiram eu não o vi, e evitei qualquer contato com Jess, porque ela ia me fazer lembrar ele, e tudo que eu queria eram afastar a falta que eu sentia. Saia sempre pra evitar atender as ligações dela. E quatro dias se passaram até que ele ligasse. Vovó disse que ele havia ligado duas vezes. Mas eu disse que não queria fala com ninguém.Era estranho, foram apenas alguns beijos e algumas trocas de olhares, e sentia mas a falta dele, do que jamais senti de alguém assim. Mas eu tinha que afastar isso. Conter o sentimento. Ele era fogo, e eu nunca quis me queimar. O problema é que eu estava com tanto saudades dele. Chegava a doer.

Sempre que podia eu saia por Londres, tirando fotos, conhecendo novos lugares, queria me distrair. Eu queria afastar a lembrança dele. Mas admito que eu estava apenas me enganando, eu podia sentir até mesmo o cheiro dele.

Quando o final da semana chegou, mamãe decidiu se pronunciar sobre minhas atitudes.

-Querida podemos conversar? –Ela estava parada no batente da porta.

-Sim mamãe. –Ela se sentou na cama do meu lado.

-O que está acontecendo? Nunca te vi assim.

-Não é nada. Deve ser saudades de casa. –Menti.

-Alexandra, te conheço muito bem. Isso não tem nada a ver com Jonathan ou tem?

-Não mãe. Porque teria?

-Porque você está evitando ele tem uma semana. Não para mais na casa dos seus avós. E não atende mais as ligações dele. Querida a quem está querendo enganar? –Ela segurou meu queixo, e me deu um sorriso.

-A ninguém. Só não quero mais falar com ele.

-Porque esta apaixonada por ele? –Mamãe dizia todas as verdades. Era sua maior qualidade e defeito.

-Não mãe! –Eu me recusava a aceitar isso.

-Alexandra, pare de ser boba. Minha filha, você já é uma mulher, e tem de agir como tal. Não é mais uma menina. –Ela passou a mão em meu cabelo. –Desde que você era uma garotinha, você era tão decidida, mas sempre foi medrosa, qualquer coisa nova te assustava. Está agindo assim porque se nunca se apaixonou. Uma coisa nova está acontecendo e está agindo feito aquela garotinha. Pare de ser assim, pare de fugir. Ou nunca vai sofrer na vida, e nunca vai ser feliz também. –Ela me calou. Eu sabia que ela estava certa em tudo.

Mamãe tinha esse dom, ela sempre observava tudo, e quando dizia algo, era porque já tinha analisado bem a situação. Isso não significava que ela estava certa, mas significava que ela tinha fundamentos para fazer suas afirmações.Nunca me apaixonei, namoro de colégio não se tratava de amor. Mas com Johnny era diferente, e eu estava tão assustada que estava fugindo. Estava agindo com aquela garotinha.

-Obrigado mãe. –Eu dei um beijo nela. Então eu sai.Caminhei pelas ruas, andando sem rumo, apenas pensando. Pensando nele. Era tudo sobre mim, sobre minhas questões, sobre meus medos de menina. É claro tinha a distância e tinha todo o caminho a seguir, mas eu podia me permitir sentir isso. Eu apenas estava assustada demais.

-O que você fez comigo Johnny?- Disse a mim mesma.

Eu estava parada, debruçada sobre a ponte do rio Tâmisa. E meus pensamentos estavam tão distantes, quase podia sentir o cheiro dele. Quanto mais eu tentava afastar ele de mim, mas ele estava impregnado em tudo ao meu redor. Era como se ele estivesse em minhas veias.

-Quase tão lindo como você. –Aquela voz me disse.

-Você advinha? –Perguntei sem me virar, mas eu já estava sorrindo.

-O que? –Ele me perguntou.

-Onde eu estava? Como soube que eu estava aqui? –Perguntei.

-Passei de moto. Vi seu cabelo. Sabia que era você. –Senti sua mão em minha cintura. Ele me envolveu em seus braços. Então disse em meu ouvido.

-Senti sua falta. Por favor, não me mande embora, porque eu já nem sei mais o que acontece comigo quando eu estou perto de você. –Eu me virei.

-Nem eu. Mas eu vou embora Johnny. Vamos ter que nos despedir. O que vamos fazer? –Ele segurou meu rosto com suas mãos.

-Vamos dar um jeito. Há sempre uma solução pra tudo. –Ele me deu um beijo na bochecha. –Vem.

-Pra onde?

-Pra onde o vento levar. –Ele me oferece a mão.

Subi naquela moto com Johnny, fugindo da realidade. Só por hoje, eu seria só dele. Senti o vento batendo em meu rosto e fechei meus olhos. Era como se pudesse voar. Abri meus braços e senti toda a adrenalina. Ele me olhou então sorriu. Acelerou mais a moto. Correndo para o nada, só Johnny e eu.Paramos ao final da Tower Bridge, a ponte sobre o Tâmisa. Dava pra ver quase toda a cidade e o por do sol. Desci da moto, e parei para olhar a vista. O vento batia em meu rosto, mas eu não estava com frio. Quando me virei ele estava de braços cruzados me olhando.

-O que foi? –Perguntei sem jeito.

-Nada. Só quero guardar a imagem na minha cabeça. –Ele estava sério.

Eu corri pra ele, me atirei em seus braços. Era a lugar mais seguro pra mim agora. Ele me beijou. E a cada beijo eu queria outro. Envolvi meus braços em seu pescoço, e ele pôs suas mãos em minha cintura. Mordi seus lábios, e ele sorriu. Então segurou meu rosto com uma de suas mãos e me beijou mais urgente. Passei minha mão por sua nuca, arrepiando seus cabelos. Ainda sem fôlego nós nos afastamos.Passamos o entardecer juntos, conversando, falando da vida, da infância, dos sonhos, de nós. Eu não sabia na época, mas se as pessoas são feitas em pares, ele era o meu. Porque não importa as pessoas com quem eu me relacionei antes, e que ainda iria me relacionar, nunca seriam como ele era pra mim. Ele era meu anestésico, a minha droga.Quando eu subi na sua moto para irmos embora o segurei tão firme, por medo de ele escapar de mim.

-Você não vai me deixar pilotar me apertando desse jeito. –Ele se virou pra trás pra me dizer. Então ele levantou a jaqueta atrás. –Agora segurei. –Me segurei nele novamente, e ele soltou a borda da jaqueta que ele segurou. Pus meus braços em volta da cintura dele, e ele deixou a jaqueta cair por cima de meus braços.

Recostei minha cabeça sobre seus ombros e me permiti pensar, que não importa o quanto eu fugisse. –Eu estava apaixonada por ele.


Quando chegamos a frente da casa de meus avós ele parou. Então eu desci.

-Não vai me mandar embora amanhã, de novo não é? –Ele me perguntou ainda sentado na moto.

-Não. Eu não poderia. Boa noite Johnny. –Colei meus lábios nos seus de leve e me afastei. Mas ele não me deixou ir ainda.

Passou seu polegar pelo meu pulso, até entrelaçar seus dedos nos meus. Nós dois olhamos as mãos unidas, depois nos encaramos. Ele passou a outra mão em minha cintura, e me puxou pra junto dele, então me beijou, e como eu queria ser beijada por ele pra sempre.

-Te quero Lexi. É evidente que você também. Não foge mais, eu prometo que vai valer a pena.

Não sei bem se sonhei ou pensei demais nele, naquela noite. Mas ele era a minha certeza por agora.Na manhã seguinte liguei pra Jess e me desculpei por tudo. Combinamos de sair juntas. Fomos até o café do amigo de Jess.

-Gatinha! Você voltou. Lexi não é? –Chris, o amigo de Jessie disse.

-É. Que boa memória. Nunca me esqueço de uma gata como você. Então linda, o que você vai querer?

-Café grande por favor. –Respondi.

-Ei, obrigado por notar a minha existência aqui em Chris! –Jesse fez cara de ofendida.

-Jessie minha deusa! –Chris disse, zuando Jess.

-Sonso, eu quero o mesmo que a Lexi, obrigada. –Chris anotou nossos pedidos e se foi. –Arranjou um fan. –Jesse me deu um cutucão.

-Que isso magrela?! Além disso, eu não poderia olhar pra mais ninguém. –Disse meio envergonhada, por ter que dizer a Jessei que estava saindo com o irmão dela.

-Claro, está gamada no Johnny. –Ela disse com cara de “Já sei de tudo”.

-Jess?! –Sabia que eu estava muito vermelha.

-Você acha mesmo que eu ia sacar? Johnny não saia de perto de você quando você ia lá em casa. Fora que vocês dois só viviam de conversinhas. Essa semana que você sumiu ele ficou em casa o tempo todo naquele Xbox, com cara de que alguém tinha roubado o ursinho de pelúcia dele. –Ela deu de ombros.

-Jessie, acha que ele gosta de mim? –Ela conhecia o irmão como ninguém. Jessica era a pessoa certa para esta pergunta.

-Quer mesmo saber? –Ela me perguntou.

-Claro.

-Johnny é mulherengo. Ele fez uma coisa há um tempo, e está tentando se manter no controle desde então. A verdade é que eu nunca o vi mais fora do controle do que agora. Amiga, meu irmão não é do tipo que se amarra em alguém. Mas ele não está amarrado. –Jessei foi muito sincera. –Ele está mais pra de quatro por você. –Ela fez uma careta que me fez rir.

-Johnny de quatro por alguém?! –Nós duas rimos.

Passamos a tarde conversando, e Jessei me contou sobre a viagem dela para fazer os exames. Conversamos sobre morar juntas e muitas coisas mais.O telefone de Jess tocou.

-Alô. Ela está aqui. Estamos saindo agora. –Então ela desligou. E deu um suspiro tedioso. –Seu namorado disse que está lá fora te esperando na moto.

-Ele está?! –De repente um sorriso largo apareceu em meus lábios. –Jessie eu já vou. –Dei um beijo nela e sai.

Ele estava lá. Encostado na moto, braços cruzados, jaqueta preta que deixava ele lindo. Sorriso de matar e aqueles olhos que sondavam todos os meus pensamentos.

-Mimadinha! –Ele disse ainda sorrindo. Caminhei até ele.

-Espinhento! – Me atirei em seus braços e nos beijamos.

-Senti sua falta. –Ele disse.

-E eu mais ainda. –Então lhe dei um beijo na bochecha. –Onde vamos?

-Surpresa. –Ele disse. Subi na moto e deixei que ele me levasse onde queria.

Eu estava deixando que ele me levasse, me entregando a Johnny, eu estava me apaixonando. Com meu rosto encostado nas costas dele, juntos naquela moto. Até mesmo aquele cheiro dele me fazia perder o juízo.Ele parou a moto no clube de patinação.

-Patinar outra vez? –Fiz cara de desconfiada.

-Não, outra coisa. Você vai ver. Vamos. –Ele pegou minha mão. Seu toque era um anestésico pra mim.

Demos a volta e entramos por trás. Johnny tinha as chaves. Abriu a porta e me puxou pra dentro ante que eu falasse algo. Passamos por um corredor e chegamos às piscinas. Eu nem sabia que tinha uma piscina no clube.

-O que vamos fazer aqui? –Perguntei confusa.

-Nadar. Você sabe nadar que eu sei. –Johnny tirou sua camisa. –Eu venho sempre aqui tarde da noite quando to precisando dar um tempo.

-Mas eu não trouxe biquíni. Essa água não ta fria?

-Relaxa, é aquecida. Não precisa de biquíni, fique de calcinha e sutiã. Anda ou eu te jogo na água, mimadinha! –Ele já estava de cueca. E não pude evitar ficar boquiaberta. Aquele corpo era tudo. Ele se jogou na piscina. –Vem, a água está ótima.

Fiquei rindo dele, parecia um menino. Era lindo demais. Por fim decidir tira as minhas roupas e entrar na piscina também. (Músicas para cena da piscina-http://www.youtube.com/watch?v=3lrSGGCqnt0 )


Brincamos, rimos, atiramos água um no outro. Ele me abraçou e me ergueu em seus braços. Me beijou e me puxou pra baixo da água, então nos beijamos em baixo d’água. Emergimos rindo um do outro. Ele me fazia tão feliz, tão bem. Johnny passou seus braços em minha cintura e me beijou, intenso como em tudo, ele me tirava o fôlego. Segurou minha nuca e nos beijamos ainda mais. Sua língua em minha boa, me causava uma sensação de prazer. Ele beijou meu pescoço e desceu seus lábios até meus seios, estava ficando intenso demais. Embaixo da água senti sua mão descendo até meus quadris, apertou minha bunda e beijou meu seio. Me olhou nos olhos, uma gota de água caiu de seu nariz, então me deu o beijo que nunca havia dado, foi um beijo diferente, muito quente, cheio de tesão. Não pude, me afastei.Eu nunca havia feito aquilo, sabia que se eu deixasse rolar, o próximo passo seria o sexo. Mas eu era virgem, e tudo ainda era muito recente com Johnny, eu não tinha certeza se estava preparada e se ele era o certo.

-O que? –Ele me perguntou ainda sem fôlego.

-Não posso. –Fiquei com vergonha de olhar pra ele.

-Tudo bem. –Ele me deu um sorriso. Depois me atirou água.

-Há seu palhaço, você vai ver só. –Afundei a cabeça dele na água, depois nadei pra longe. Mas ele era rápido e me alcançou.

Senti seus braços apertando minha cintura.

-Você não vai a lugar nenhum. –Ele disse risonho. Não consegui me soltar do seu aperto, ele era forte demais.

Beijou minha nuca e cada terminação nervosa do meu corpo respondeu. Mas eu não podia. Não era a hora ainda de me entregar para alguém. Me virei para encará-lo.

-Johnny, preciso dizer uma coisa. –Eu disse, ficando séria. Ele notou e parou de sorrir.

-Pode dizer. –Ele me disse parecendo confuso.

-Eu... Eu nunca fiz isso. Nuca estive com alguém assim. –Eu sabia o quão envergonhada eu estava, para falar sobre sexo.

Johnny não disse nada de imediato. Passou a mão em meu rosto.

-Nem eu. –Ele disse então deu o sorriso mais descarado que tinha.

-Mentiroso! –Eu disse sorrindo. Então o beijei.

Johnny colou seu rosto no meu, narizes juntos e testas também. Com o rosto inclinado pra baixo e gotas de água rolando do seu rosto, ele me disse:

-Eu sei esperar Lexi. –Então nos beijamos.

Ele era tudo que eu queria e precisava, o mais simples toque u cheiro dele, me fazia sorrir. Era meu amor. Eu cruzei a linha - Estava apaixonada. As pessoas falam sobre o amor, que é bom e que também pode machucar. Mas eu não acreditei. Como tal sentimento pode machucar? –Ele me dava vida.Era fácil ama-lo, me entregar, era como respirar. Era certo e bom, era o que me matinha feliz e firme. Ele era descarado, lindo e seguro. Quando ele me contava sobre os planos pro futuro eu sentia a decisão no seu tom de voz. Era o tipo de cara que podia fazer você se perder ou te fazer ver as estrelas. Eu estava na corda bamba, beijando o perigo, e estava louca pra me jogar cada vez mais. Eu estava apaixonada por ele.Nadamos juntos e rimos de tudo. Era tarde da noite quando ele me levou em casa. Desci da moto e me despedi. Entrei em casa e subi as escadas flutuando. Ainda sorrindo feito boba eu liguei pro Mike. Meu amigo irmão sabia tudo da minha vida, e eu da vida dele. Precisava dizer a Mike que eu estava perdidamente apaixonada.

-Oi tonto. Sou eu, sua esposa.

-Oi minha esposa. Como andam as coisas ai? –Mike disse do outro lado da linha.

-Bem, e você? Sua mãe ainda está na mesma?

-Sabe que eu acho que ela está até aceitando melhor a ideia?! Já falamos sobre isso hoje. Você sabe como eu não quero deixar ela sozinha, mas eu não posso viver olhando pra trás. Sinto sua falta cara, você vai demorar muito ainda ai?

-Há Mike, também sinto a sua, amigão. Imagino pelo que deve estar passando. –Fique em silêncio um pouco.

Mike estava passando por uma fase complicada desde que seu pai morreu. Ele era soldado no Iaque, foi morto por terroristas. Desde então a mãe de Mike está depressiva e não deixa que Mike saia de casa para ir à faculdade. Ele tem passado por uma barra, e só tinha a mim pra conversar sobre isso.Senti-me uma péssima amiga por estar distante dele esses dias. Quase não tinha falado com Mike desde que vim passar as férias em Londres.

-Tudo bem. Ela vai ter que aceitar. Não posso parar minha vida. Meu pai nem gostaria que eu fizesse isso. Mas deixa de falar sobre coisas chatas. Me conte alguma novidade.

-Há, bem tenho uma. Mike eu estou meio que namorando! –Eu disse cheia de excitação.

-O que? Como assim? Onde está a virgem solteirona que é minha amiga? –Mike zombou de mim.

-Sem graça! Por isso não te conto mais nada. –Eu disse fazendo birra.

-Ok. Não te zou mais. Me conta como isso aconteceu.

-Bem, lembra que eu contei de minha amiga que vai morar comigo no meu apê?! Nós crescemos sempre ficamos juntas nas férias, durante a minha infância. Acontece que ela tem um irmão.

-Sei aquele que você odiava. Já me contou essa história. –Mike me cortou impaciente.

-Me deixa falar chato! Bem, o irmão que eu odiava. –Estou saindo com ele!

-Eita que você está rápida no gatilho. Mas é namoro de verão não é?! Porque vocês moram em países diferentes.

-Eu sei Mike. Eu pensei muito sobre o assunto, mas eu não pude evitar. Mike, acho que estou apaixonada pelo Johnny. –Eu disse sendo franca.

-Johnny?! Esse é o nome do palhaço que está te roubando de mim? Já não fui com a cara dele. Te proíbo de ficar ai por causa dele. Tem que voltar pra casa Alexandra!

-Ok pai. Para de ciúmes! Fizemos um juramento de sangue, lembra? –Disse à Mike.

-Eu lembro. Mas é sério, você está pensando em ficar ai por causa dele?

-Não sei de nada Mike. Quando estou com Johnny eu me esqueço de tudo, da distância, do medo, das barreiras. Eu o amo Mike. –Eu fui franca com Mike e comigo mesma.

-Cara, isso é sério então?

-Sim, eu não quero me separar dele.

-É muita coisa pro meu coração. Ainda não estou aceitando isso, mas vou ver se permito que vocês fiquem juntos. Agora preciso desligar, fuso horário. Beijos, mas vamos nos falar amanhã hem?

-Claro Mike. Preciso te dar toda a minha atenção ou você não me deixar ficar com o Johnny. –Eu disse rindo.

-Mas é claro. –Mike também estava rindo.

-Mike fica bem ta? Se quiser conversar pode me ligar qualquer hora bobão.

Desliguei.Coitado do Mike, sua vida era uma barra ultimamente. Mas ele sempre tinha bom humor. Sempre fomos amigos. Era como se ele fosse meu amigo gay, só que ele não era gay. Entre a gente nunca rolou nada além de amizade. Bem... Ele me beijou quando eu tinha nove anos, mas nós dois achamos tão nojento, que nunca quisemos repetir a dose.